Nos últimos anos, as cidades brasileiras estão vendo um aumento na circulação de pessoas sobre duas rodas. A atividade está ganhando cada vez mais adeptos, seja como lazer ou como meio de transporte. Os novos (e antigos) bikers estão inclusive fortalecendo-se por meio de associações de ciclistas com o objetivo de realizar trabalhos de educação para o trânsito, fazer ações de conscientização em praças e locais públicos e estabelecer diálogos com o governo para melhorar a legislação e a infraestrutura urbana.
Mas será que a quantidade de ciclistas está mesmo crescendo ou é o perfil que está mudando? Infelizmente não há uma ampla base de dados no país sobre o perfil do ciclista brasileiro. Mas algumas boas pesquisas independentes já se dedicaram a estudar este cenário e chegaram a conclusões interessantes – que podem inclusive orientar campanhas de comunicação e estratégias de marketing neste ramo.
Perfil nacional
Uma destas iniciativas é a “Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro”, desenvolvida em 2015 pela ONG Transporte Ativo em parceria com outras 13 entidades. O estudo levantou dados com ciclistas de 10 cidades (Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Niterói, Salvador e São Paulo) para compreender o uso da bicicleta, os medos e frustrações dos ciclistas e o seu perfil socioeconômico.
Descobriu-se que cerca de 70% dos ciclistas pedalam de cinco a sete dias por semana, e as principais razões para utilizarem a bike como meio de transporte são porque ela é mais rápida e prática (quase 43% dos entrevistados), porque é mais saudável (24,2%), por ser mais barata (19,6%), por ser ambientalmente correta (2,2%) e outros motivos (10,5%).
Em termos de perfil, a pesquisa revelou que a maioria dos ciclistas tem entre 25 e 34 anos (34,3%), mas que também é representativa a presença de pessoas entre os 35 e os 44 anos (23,7%) e de jovens com 15 a 24 anos (19,6%). Mais de 40% dos bikers têm apenas o ensino médio completo, cerca de 23% concluíram só o ensino fundamental e pouco mais de 28% têm ensino superior completo ou pós-graduação. A maioria dos ciclistas recebe até 3 salários mínimos, sendo que 7% não tem renda, 13% até 1 salário mínimo, 30% de 1 a 2 salários mínimos e 17% de 2 a 3 salários mínimos.
Mudança de perfil: menos básicas e mais tecnológicas
Já o estudo “Uso de Bicicletas no Brasil: Qual o melhor modelo de incentivo?”, realizado pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), em parceria com a Rosenberg Associados notou uma mudança no perfil do usuário nos últimos anos.
Apesar do mercado nacional ter sentido uma queda nas vendas de bicicletas, esta diminuição foi mais expressiva nos modelos básicos, usados por pessoas com pouca condição financeira. Em contrapartida, houve um crescimento na venda de modelos com maior valor agregado, que são utilizados principalmente pela população urbana para lazer, prática esportiva e mobilidade.
A pesquisa concluiu também que a melhor forma de incentivar este segmento é por meio de políticas de promoção do ciclismo, como a criação de vias especiais para bicicletas, campanhas de educação de trânsito e criação de bicicletários.
Mas por que saber tudo isso? Toda estratégia de marketing deve mirar um público-alvo, ou seja, o consumidor final. Afinal, como elaborar uma campanha de comunicação eficiente e com resultados se o perfil de quem ela deve atingir é desconhecido ou não está claro?
É fundamental que empresários e empreendedores envolvidos no mercado da bike busquem estar atualizados sobre os dados do cenário nacional e local de ciclismo. Isso possibilita a realização de compras mais direcionadas e o oferecimento de serviços adequados à demanda, o que aumenta as chances de sucesso do negócio.