1. Para um ciclista, a sua bicicleta é mais que seu meio de transporte, é uma extensão valiosa de seu corpo e representa construção de afeto. Ele sempre considerará as condições de segurança para separar-se dela e, via de regra, desistirá de permanecer no local caso não encontre a proteção que julgar adequada para seu veículo;
2. Ciclistas gostam do diálogo, da troca cordial de informações. Chegam e “estudam” as condições existentes para si e sua bicicleta;
3. A pressa não costuma ser um traço marcante nos ciclistas. Isso porque, ao optar pela bike como meio de transporte principal, eles escolheram a praticidade e a economia, e não a velocidade. Quem está em um ônibus ou carro não costuma enxergar esses detalhes por conta da velocidade e do hermetismo desses meios de transporte. conhecer a topografia das ruas pelas quais passam, os estabelecimentos localizados em seus trajetos diários, as pessoas que fazem esses mesmos trajetos com frequência, os cheiros típicos dos lugares, o melhor ou pior horário para passar por rua X, para visitar local Y; ciclistas costumam parar para ajudar outro ciclista em apuros com a bike e a cumprimentar outros ciclistas nas ruas, ainda que não os conheçam, ainda que estejam em movimento. Portanto, detalhes físicos que transmitam sensação de familiaridade em um lugar e um tratamento pessoal costumam ser bastante apreciados por quem anda de bicicleta na cidade;
5. Ciclistas não necessariamente pedalam em grupo, mas costumam frequentar os mesmos bares, festas, possuem diversos amigos em comum com outros ciclistas, lêem os mesmos blogs, sites e utilizam as redes sociais (Twitter e Facebook) para se comunicar com ciclistas individualmente, com grupos de ciclistas e para saber o que vem acontecendo na cidade e que envolva cultura da bicicleta. Costumam ser pessoas bem informadas sobre seus temas de interesse, e as redes sociais virtuais e presenciais são extremamente importantes para eles;
6. Ciclistas costumam ser pessoas atentas à qualidade do atendimento dispensado a eles e suas bikes nos locais públicos e privados que frequentam. Essa atenção tende a se transformar, nas redes sociais, em elogios, críticas e denúncias aos estabelecimentos que frequentam ou aos fatos que lhes ocorrem e envolvem o uso da bicicleta. Porque os ciclistas costumam estar conectados de alguma forma, esses elogios, críticas e denúncias se espalham rapidamente, e com um alto nível de ramificação. Sendo assim, o elogio ou crítica de um único ciclista-cliente será lido/ouvido por dezenas, centezas de pessoas;
7. Ao contrário do que diz o senso comum, ciclistas não são todos atletas, vegetarianos, veganos e nem estão 100% envolvidos com ativismo (seja cicloativismo ou algo relacionado à preservação ambiental). É obvio que o fato de terem no próprio corpo o motor de seu veículo faz com que estejam mais sensíveis a temas como boa alimentação, exercício físico, necessidade de se reduzir a emissão de poluentes e criação de um ambiente mais saudável para todos. Essas preocupações, contudo, não transformam os ciclistas em vegetarianos, ativistas ou atletas compulsórios. Ciclistas também comem carne, fumam, bebem, ingerem muitas calorias, usam transporte público e, inclusive, carro. Em geral, o interesse primordial do ciclista ao usar a bike como meio de transporte está ligado à mobilidade: ele simplesmente quer chegar com mais praticidade e economia ao seu destino, sem ter que enfrentar o trânsito pesado da cidade.