O DIA 22 DE SETEMBRO FOI ADOTADO MUNDIALMENTE COMO UMA OPORTUNIDADE DE ENCONTRAR SOLUÇÕES DE MOBILIDADE ALTERNATIVAS AO AUTOMÓVEL E, MAIS DO QUE ISSO, ESTIMULAR A REFLEXÃO SOBRE A FORMA COMO ESTAMOS NOS LOCOMOVENDO.
O Dia Mundial Sem Carro propõe que repensemos a forma de vivenciar a cidade, de se locomover por ela e chegar em nossos destinos. Parece um desafio simples, mas para muitos é difícil perceber a dependência que têm com relação ao seu veículo. Porque é assim?
O carro passou a ser uma medida de status, um vício que, como qualquer droga, oferece um suposto benefício e conforto que muitas vezes não se verifica na prática.
Submersos na cultura do automóvel, compelidos pelo consumismo propagado como gerador de felicidade, perdemos a consciência: não conseguimos despertar para encontrar soluções porque nem tínhamos a ideia de que fazíamos parte do problema.
O CARRO PASSOU A SER UMA MEDIDA DE STATUS, UM VÍCIO QUE, COMO QUALQUER DROGA, OFERECE UM SUPOSTO BENEFÍCIO E CONFORTO QUE MUITAS VEZES NÃO SE VERIFICA NA PRÁTICA.
Porque eu deveria deixar o carro em casa, se é ele que faz as modelos sorrirem tanto nos comerciais da televisão? Se é com ele que posso chegar com o nariz um pouco mais empinado no estacionamento da empresa e mostrar o resultado de uma carreira bem-sucedida?
Essa visão pode soar um pouco exagerada. Pode até ser um pouco exagerada. Mas Karl Marx já afirmava que no mundo capitalista, é a produção que determina o consumo, e não o consumo que determina a produção. E há inúmeros interesses envolvidos na gigante indústria automobilística, acompanhada de sua criativa e incansável máquina propagandística. Resultado: a ambição por uma produção cada vez maior dá um jeito de fazer o consumo crescer na mesma medida.
Quando um jovem completa 18 anos e compra um carro, está na verdade adquirindo potência, velocidade, masculinidade, poder de sedução etc. Se este é o melhor meio de locomoção não importa muito. Não há reflexão sobre este ponto, falta criticidade porque há uma ideologia em torno do carro tão enraizada que comprá-lo aos 18 é quase tão natural quanto ir para a escola aos seis. Parece que não há, então, porque pensar sobre isso.
Mas há! E é por isso que o Dia Mundial Sem Carro foi criado. Ele não foi decretado como o dia mundial de andar de bicicleta, nem o dia mundial de andar a pé, nem o dia mundial para optar pelo transporte público. Desde a concepção do seu nome, o 22 de setembro busca trazer à discussão o mal uso que fazemos do carro e os malefícios que isso provoca para a cidade, a saúde, o meio ambiente e a própria mobilidade.
Só quando fizermos essa mudança de óptica, poderemos entender o carro apenas como uma forma de se locomover que nem sempre é a “melhor forma de se locomover”. Há muitas alternativas e a bicicleta é uma das mais inteligentes, por todos os benefícios que buscamos resgatar, todos os meses, nas páginas desta revista. Despertar para isso abre horizontes para viver melhor.
Não aceite que os outros lhe mostrem como você deve se locomover: pense fora da caixa, analise os benefícios e você acabará fazendo a escolha certa. Que tal aproveitar o Dia Mundial Sem Carro para começar essa mudança?