NÃO DEIXEMOS COM QUE A TECNOLOGIA NOS PADRONIZE DE FORMA AUTOMÁTICA, RESPONDER SEM PENSAR, CONVERSAR SEM INTERAGIR COM AS PESSOAS.
Smart cities (cidades inteligentes) são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e alternativas para potencializar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Fazem uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação das pessoas.
A sociedade contemporânea pressupõe um novo modo de vida, se analisarmos como se vivia no Brasil há cinquenta anos, percebe-se a grande diferença no cotidiano das pessoas. O antigo despertador que era muito estridente ao tocar, era preciso se acostumar com o som do “tic-tac” mecânico; o avanço analógico não era uma realidade, ainda não se pensava no relógio digital silencioso e sempre presente em todos dispositivos de mobilidades atuais.
O dia começava com o café de manhã, feito com o coador de pano; a manhã já iniciava com o rádio ligado, já que a televisão só entrava no ar mais tarde, e raramente dava notícias. Para ouvir informação, a única alternativa era o uso das ondas curtas, para sintonizar emissoras maiores de São Paulo ou Rio de Janeiro, que tinham grande alcance. O FM só existia no exterior, com som de melhor qualidade, mas esta frequência não era usada comercialmente no Brasil. Para ouvir música, só através de radiolas ou toca discos de vinil; gravadores, só os de rolo, que eram raríssimos e caros.
No trabalho, os principais instrumentos eram a máquina de escrever, a calculadora mecânica, papel carbono para cópias e arquivos em pastas que eram guardadas em armários metálicos; os telefones não faziam interurbanos diretamente, era necessário ligar para a central telefônica e agendar um horário para a ligação, que era muito cara. Pouca gente tinha telefone, que também era caro, e tinha até que ser declarado no imposto de renda.
A televisão só teria cor a partir de 1972, e com aparelhos muito mais caros. Por isso, era comum o uso deste plástico de três cores colado na tela, nos anos 1960. E ver televisão era trabalhoso, primeiro precisava esquentar e a todo momento havia um problema com o horizontal ou o vertical da sintonia. Era preciso se levantar e ir até o aparelho ajustar o botão.
Com poucos telefones, o jeito era mandar cartas. Era preciso levar ao correio, comprar os selos e postar. A resposta poderia levar meses, dependendo da distância, e na maioria das cidades, não havia carteiro. Tudo era resolvido na agência e as cartas eram uma das principais formas de comunicação.
Atualmente, na sociedade da informação, novas formas de pensar, de agir e de comunicar-se são introduzidas como hábitos corriqueiros, são inúmeras as formas de adquirir conhecimento, como também são diversas as ferramentas que propiciam essa aquisição. As escolas, são, em geral, apontadas como uma das principais alternativas para formação e desenvolvimento de cidadãos para que eles atendam as demandas da sociedade contemporânea.
O modo de vida rústico e elementar foi substituído pela dinâmica da tecnologia, a rapidez e velocidade do nosso tempo, será que somos melhores? Cabe ao ser humano responder de maneira positiva às perspectivas atuais, não podemos perder a sensibilidade para com o próximo, devemos nos empenhar de tal maneira que não deixemos com que a tecnologia nos padronize de forma automática, responder sem pensar, conversar sem interagir com as pessoas.
Autor:
Cícero Manoel Bezerra é coordenador da área de Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter.
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